segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Insônia + depressão

A maioria das pessoas diagnosticadas com depressão sofre também de outras distúrbios, acarretados ou agravados pela doença. Dentre as muitas porcarias que acompanham o depressivo, uma das mais recorrentes em quase todos os casos são os distúrbios do sono. Ou a pessoa dorme muito mais horas que o necessário, ou não dorme, ou dorme em horários inapropriados. 

Comigo funciona assim, durante as crises (naqueles períodos em que fico imprestável) quase não saio da cama, durmo até umas 14h por dia, fico acordada de madrugada e acabo dormindo o dia todo, acho que é para não ver as pessoas também. Além da fuga (ficar na cama parece mais seguro e confortável do que encarar a vida), sinto realmente sono. Fico muito sem energia, letárgica mesmo. Nas primeiras vezes, achei até que estava ficando com alguma outra doença, uma infecção ou uma anemia, tanto era minha fraqueza. Cheguei a investigar essas hipóteses, mas todas foram descartadas. Não tinha anemia, infecção ou distúrbio hormonal, era a tal depressão mesmo.

Quando saio da crise, contudo o quadro se inverte, demoro demais a pegar no sono à noite (fico rolando horas na cama antes de dormir - o que é péssimo, pois é um momento ótimo para pensar besteiras e deixar o quadro depressivo voltar) e, como tenho sono leve, qualquer barulhinho me acorda. 

Bom, sono ruim somando-se os dias, agrava depressão, dá fadiga, irritabilidade, falta de concentração.... Dormir bem é crucial! A saúde do seu sono pode ser causa e indicativo para depressão, é preciso estar atento.

Vou falar um pouco sobre os medicamentos que já usei, LEMBRANDO QUE CADA UM REAGE DE UMA FORMA A CADA MEDICAMENTO E QUE VOCÊ DEVE DISCUTIR COM SEU MÉDICO QUAL É A MELHOR ABORDAGEM (discuta mesmo! sem medo e sem vergonha! :)  é bom saber o máximo possível sobre seu tratamento. O corpo é seu e se isso fazê-lo se sentir mais seguro, é ótimo). Já tomei dois medicamentos para insônia, associados aos antidepressivos: o famoso Rivotril (clonazepam) e o Stilnox (zolpidem). O primeiro é bemmmm barato, derruba a noite toda, mas, para mim, fico meio zureta durante o dia, meio de ressaca. Além disso, a sensação não é sono, é de desmaio.
O Stilnox é bem mais caro e é recomendado para quem tem dificuldade em começar a dormir. Para mim funcionou melhor, parece um sono menos artificial.

Existem muitos desses medicamentos indutores de sono e eles ajudam muito em momentos de insônia aguda. Mas o que todos eles tem em comum é que viciam pacas! E não é um vício como o dos antidepressivos (os médicos dizem que antidepressivo não vicia, mas tenho minhas dúvidas... afinal, já precisei "ajustar e trocar' de medicação muitas vezes, mas esse é assunto para outro dia), é um vício palpável e reconhecido pela indústria farmacêutica. 

Se você toma somente alguns dias, beleza! Mas não dá para tomar esses remédios continuamente e não viciar. Olha essa historinha: eu tomava 1/2 stilnox diretão, uma vez fui viajar e esqueci de levar os comprimidos. Resultado, fiquei o passeio todo sem dormir direito porque precisava das minhas pílulas. E não era sensação de insônia, era sensação de que meu cérebro não conseguia desligar.

Larguei o Stilnox (na verdade, ele fica reservado para situações de emergência mesmo e não para o dia-a-dia). Meu psiquiatra me passou o Donaren (trazodona), que é um antidepressivo que tem como efeito colateral, o sono! Daí já trata a depressão e a insônia com um produto só. Tomo a aproximadamente 2 meses, tem sido positivo e não me deu outros sintomas indesejáveis. 

Agora algumas dicas para melhorar a qualidade do sono (são meio batidas, mas ajudam muito):

- faça atividades físicas (mas não antes de dormir!), cansa o corpo e a cabeça, e produzem serotonina!

- mantenha uma rotina de sono (durma e acorde nos horários mais constantes possíveis).

- não tome cafeínasssss (se não conseguir escapar do cafezinho, coloque um horário limite para o último gole. No meu caso, eu tomo café até as 15h, depois disso troco por algum chá sem cafeína. Ah, e nada de mergulhar no bule até as 15h também).

- mantenha seu quarto em ordem: limpo, organizado, com menos estímulos possíveis (visuais e sonoros).

- não coma, leia, use internet na cama. Se não conseguir dormir, vá ler em outro lugar, tome um chá quente e depois tente ir para cama de novo.

E vamos tentando, menos pior é melhor que pior :)


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

PROCURE AJUDA PROFISSIONAL

(RESUMÃO SE VOCÊ NÃO AGUENTAR LER TUDO O QUE ESTÁ ESCRITO AÍ EMBAIXO: se você está triste, muito triste, só chora, não sai da cama, se acha o pior dos vermes do mundo, tem uma angústia enorme, não consegue mais tocar sua vida, PROCURE UM MÉDICO. Se for só tristeza, ele conversará com você e o mandará para casa, se for alguma doença afetiva, ele vai tratá-la. Ninguém merece esse tipo de sofrimento. Há vários tratamentos disponíveis, com sorte, algum será bom para você).


Não sei muito bem como ordenar tudo o que quero escrever, a desordem mental e estrutural talvez seja uma problema a mais com que a maioria dos depressivos tem que lidar... este problema, deixo para outra hora.
No momento, gostaria de deixar algumas impressões para aqueles que estão se sentindo muito mal e ainda não procuraram ajuda profissional:

PROCUREM O MAIS RAPIDAMENTE POSSÍVEL!

E ajuda profissional é psiquiatra/psicológo (o segundo pode encaminhá-lo para o primeiro e vice-versa), não qualquer outra coisa. Claro, todo mundo pode (e deve) ter seus dias tristes, ninguém fez pacto com a alegria generalizada... pode desabafar com o amigo, procurar acalento no parceiro, na família, na sua comunidade religiosa, todo o apoio dos entes queridos sempre será muito bem-vinda nas horas difíceis. 

Mas, se esse sentimento de desânimo, tristeza, arrebatamento está tão forte, a ponto de você não querer mais viver, de não encontrar sentido em mais nada, se as tarefas diárias como ir ao trabalho, passear com o cão, atender um telefonema ou mesmo sair da cama e tomar banho não conseguem mais ser executadas sem que haja um pesar terrível, o melhor é procurar ajuda profissional.

O bom profissional da área saberá socorrê-lo de forma mais eficiente. Saberá também orientar seus familiares, amigos e parceiros, pois, acredite, eles também estão desnorteados e podem até prejudicar seu delicado estado mental, na tentativa insipiente de ajudar.

Não tenha medo, nem vergonha (ninguém vai interná-lo numa camisa de força)! Quando o seu carro quebra, você o leva ao mecânico. Quando seu gato fica doente, procura um veterinário. Daí, quando a sua mente está inquieta, triste, angustiada além da conta, procure um psiquiatra/psicólogo! Existem muitos tratamentos para os mais diversos transtornos afetivos (sim! nem tudo é depressão, existem várias doenças com sintomas muito parecidos e sutis, mais um motivo para que você procure um especialista no assunto para não sair chamando urubu de meu louro) e você não merece sofrer. Ninguém merece a dor que a depressão causa.

Veja, não digo que uma visitinha ao médico irá resolver tudo, longe disso. No meu caso, eu estou muito chateada em relação aos tratamentos, porque cura mesmo ainda não vi. No meu caso, digamos, o tratamento torna tudo menos pior. Bom, eu estou saindo de uma crise agora e cada um tem seu próprio histórico de involuções e evoluções. Esse texto ficou muito confuso... A verdade é que nada é fácil ou muito claro no tratamento da depressão, mas o negócio é continuar tentando. E os remedinhos malditos ajudam muito a sair do pico da crise!


Tive minha primeira crise depressiva oficialmente diagnosticada em 2007. Atento para o 'oficialmente', pois tenho certeza de que este não foi meu primeiro contato com a doença. Desde então, tento me livrar desta doença insidiosa e de todos os malefícios que ela traz embutido no pacote.
Já tomei uma enorme variedade de medicamentos (no momento, tomo Donaren associado ao Zetron), troquei algumas vezes de psiquiatra, muitas vezes de terapeuta. 
Acabei de passar por uma grande crise a algumas semanas, ainda choro um pouco, mas já saio da cama, voltei a comer e a sair de casa. 
Já tentei muita coisa. Agora tentarei escrever.